19 Abril 2025

GR

Músicos protestam contra lei de IA com álbum de silêncio

Mais de 1.000 músicos, incluindo Kate Bush e Cat Stevens, lançaram um álbum praticamente silencioso como forma de protesto contra uma proposta de lei no Reino Unido que permitiria às empresas de inteligência artificial acessar músicas protegidas por direitos autorais sem a autorização dos artistas.

O álbum, intitulado “Is This What We Want?”, foi lançado nesta terça-feira, enquanto legisladores britânicos discutem a possibilidade de permitir que empresas de tecnologia usem obras protegidas para treinar seus modelos de IA, a menos que os artistas optem por não participar.

O compositor britânico Yusuf Islam, anteriormente conhecido como Cat Stevens, criticou a proposta, afirmando que ela “entregaria de graça o trabalho de toda uma vida dos músicos do país às empresas de IA”.

“Não há nada de errado com a tecnologia em si, desde que seja usada para beneficiar toda a humanidade e não apenas como uma forma de enriquecer pequenos grupos ou indivíduos de maneira imoral”, declarou em uma publicação nas redes sociais.

Grandes nomes da música, como Elton John e Paul McCartney, também se manifestaram contra a medida, alertando que a mudança pode comprometer a indústria fonográfica ao dificultar a proteção das obras dos artistas.

O álbum conta com 12 faixas que formam uma mensagem clara: “O Governo Britânico Não Deve Legalizar o Roubo de Músicas Para Beneficiar Empresas de IA”. O videoclipe que acompanha o projeto mostra estúdios de gravação vazios — um piano sem pianista, equipamentos sem técnicos para operá-los — ao som de passos, ruídos brancos e ocasionais batidas secas.

A iniciativa foi organizada por Ed Newton-Rex, fundador da Fairly Trained, uma organização sem fins lucrativos que certifica empresas de IA generativa que respeitam os direitos dos criadores. Segundo ele, os sons de estúdios vazios simbolizam “o impacto que os planos do governo teriam sobre a subsistência dos músicos”.

Artistas como Billy Ocean, Ed O’Brien (Radiohead), Jamiroquai e Imogen Heap também participaram do projeto, reforçando a preocupação com o impacto da IA na indústria musical e a necessidade de preservar os direitos autorais dos criadores.